Vixe! Lula e Jerônimo patinam em Salvador. A estratégia por trás da escolha de Sílvio Humberto para vice. Bolsonaro descarta Michelle ao Planalto. E ala de Neto reage a Bruno

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Por Osvaldo Lyra e equipe
13/03/2024 às 08h35
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

Cobrança na base 

Vice-líder do PT na Câmara de Salvador, o vereador Tiago Ferreira criticou nos últimos dias a ausência de diálogo com o Governo do Estado para definir estratégias de campanha para as eleições deste ano. Segundo o vereador, enquanto os candidatos ligados ao prefeito Bruno Reis têm emendas parlamentares, os oposicionistas estão sem qualquer apoio. Eles cobram condições para realizar intervenções e atender às demandas da população. "É preciso organizar, ter uma reunião imediata com o governador, com os nossos candidatos e com Geraldo Júnior para montar uma coordenação de campanha", disse.

Demandas pendentes 

Tiago Ferreira, que também é vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, falou que é imprescindível que os candidatos ligados ao governo estadual  tenham condições iguais para disputar as eleições. "Não dá para ir para o campo sem munição", declarou o petista, ao destacar a importância do programa de governo, que pode ser decisivo na disputa eleitoral. Ele aproveitou ainda para cobrar que as demandas dos vereadores sejam atendidas pela administração estadual. 

Thiago Ferreira

Pesquisa eleva ânimo 

O resultado da primeira pesquisa AtlasIntel/A TARDE sobre a eleição de Salvador animou os apoiadores do prefeito Bruno Reis (União), do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e do postulante do PSOL, Kleber Rosa. Segundo o levantamento, se a eleição fosse hoje, Bruno teria 51,4% dos votos, seguido por Geraldo com 18,4%, Kléber com 8,4% e Luciana Buck (Novo), com 1,8%. Somam 11,2% os votos brancos e nulos e 8,8% de indecisos. De acordo com a pesquisa, considerando apenas os votos válidos, Bruno desponta com 64,4%, Geraldo com 23%, Kleber Rosa 10,4% e Luciana Buck marca 2,2%.  

Bruno Reis

A força de Lula 

Apesar de não usar o mesmo critério da última eleição, quando induzia o eleitorado a votar no "candidato de Lula", a pesquisa deste ano não relaciona a disputa local com o cenário nacional. Inclusive, os primeiros números apontam um cenário diferente em relação ao pleito de 2022, quando o instituto projetou a vitória de Jerônimo ao governo estadual. A polarização verificada na ocasião não se repete na disputa municipal, ao sugerir uma preferência por Bruno, acima das questões ideológicas do cenário nacional.

Lula

Lula e Jero patinam  

Outro dado que chamou a atenção na primeira pesquisa AtlasIntel/A TARDE sobre o cenário de Salvador é que o governo Jerônimo Rodrigues é desaprovado por 53% da população soteropolitana, mostrando ainda que 34% aprova a gestão do petista e 13% "não sabem" opinar. E, pelo visto, a gestão do presidente Lula também não está bem avaliada na capital baiana. Antes aprovado por 57% na cidade, agora o número chega a 50%. Os que não aprovam a gestão Lula são 37%. "Não sabem" ficam na casa dos 13%. Já a gestão do prefeito Bruno Reis é aprovada por 58%. Apenas 25% desaprovam a administração do gestor do União Brasil. 

Jerônimo e Lula

Sílvio na vice

O nome do vereador Sílvio Humberto, do PSB, para ocupar a vaga de vice do pré-candidato Geraldo Júnior, parece ter ganhado força nos últimos dias. Nome forte do Movimento Negro e fundador do Instituto Stive Biko, o auditor fiscal é apontado como o parceiro "ideal" para a chapa emedebista. Além das qualificações e do valor que agrega na chapa, Sílvio Humberto funciona para "estancar" a sangria do eleitorado da esquerda, que se mantém resistente a apoiar Geraldinho. O temor, inclusive de muitos petistas, é que a ala mais radical do petismo (junto com aliados) debande da candidatura do governo Jerônimo para marchar com o candidato do PSOL.

Sílvio Humberto

Estratégia por trás da vice 

Ao falar sobre essa especulação, no entanto, uma pergunta sempre é feita: O que o vereador Sílvio Humberto ganharia com a indicação para a vice, já que tem uma reeleição para vereador "confortável" na capital baiana? Quem conhece da estratégia do governo diz que Sílvio abriria mão da recondução na Câmara diante da promessa de ser alçado a uma posição de destaque no governo estadual, após encerrar seu mandato de vereador, caso não tenha êxito na próxima eleição. 

Silvio na ALBA, Hita na Câmara 

A promessa passa também pelo fortalecimento do seu nome com vistas à próxima eleição estadual. A ideia é que o vereador seja fortalecido para buscar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026. Em se confirmando esse movimento, quem poderá ser diretamente beneficiado é o secretário-geral do PSB, Rodrigo Hita, ligadíssimo à deputada federal Lídice da Mata, presidente do partido na Bahia. Hita pode, inclusive, se viabilizar como o principal nome do partido para a eleição municipal de Salvador. 

Rodrigo Hita

A surpresa do PSOL 

A candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) a prefeito parece ter aberto "um rasgo" na esquerda em Salvador. Apesar da estratégia de ter Sílvio Humberto na vice para tentar estancar essa sangria, o que se diz no PSOL é que o partido virá com força para a próxima eleição. Além de Kleber Rosa para a prefeitura, os socialistas planejam lançar uma chapa fortalecida para vereadores. 

Kleber Rosa

Partido quer 3 

A estratégia é lançar o maior número possível de candidatos para a Câmara Municipal que tenham visibilidade junto à população. E, para isso, convocaram o ex-vereador Marcos Mendes, os ex-candidatos Hamilton Assis e Tamara Azevedo. A expectativa é que a sigla eleja dois ou até três nomes para o Legislativo da capital. 

Hamilton Assis

Michelle descartada 

Quem conhece de perto a família Bolsonaro, mais precisamente o principal nome do clã, o ex-presidente Jair Bolsonaro, diz que ele dificilmente permitirá que sua esposa, Michelle, seja a sua candidata à Presidência da República em 2026. Durante passagem por Salvador no último final de semana, o ex-presidente rechaçou as suposições de que a ex-primeira-dama possa vir a concorrer à Presidência, já que ele se encontra inelegível.

Michele e Bolsonaro

"Está de bom tamanho" 

"Michelle não fala em política. Ela convida as mulheres para participar das reuniões municipais e daqui a dois anos ela, possivelmente, dispute uma vaga para o Senado pelo Distrito Federal", disse o ex-presidente em visita a Salvador. E emendou: "Está de bom tamanho, essa é a vontade dela, na política temos que começar devagar". A ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher esteve em Salvador no último final de semana para
participar de um evento da sigla. Há quem diga que Bolsonaro prefere o filho Flávio para seu lugar na disputa. 

Jair Bolsonaro em Salvador

Ala netista reage 

Informação chegada à coluna Vixe! nos últimos dias dava conta de que o núcleo ligado ao ex-prefeito ACM Neto tem afirmado que a presença da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) na chapa a reeleição, na condição de vice, inviabiliza qualquer movimento para Bruno participar da chapa majoritária em 2026. Diferente do que já foi noticiado pelo Portal M!, de que o atual prefeito deverá disputar o governo ou Senado pela oposição, os apoiadores de Neto dizem que Bruno não é o único líder político do grupo e que ele não pode pleitear a majoritária em 2026 e ainda manter o controle sobre a gestão da capital baiana. 

Bruno e ACM Neto

Racha à vista? 

Quem transita bem entre Neto e Bruno diz que o clima hoje é de "costuras" entre eles e que o prefeito insiste em afirmar que não deixará a Prefeitura na metade do seu eventual segundo mandato para ocupar espaço na majoritária. Até porque, a saída de cena de Bruno da gestão da capital poderá abrir um racha no seu grupo político, visto que o deputado federal Léo Prates (PDT) já afirmou publicamente seu desejo de disputar o comando da Prefeitura em 2028.

Bruno Reis

Sucessão de Bruno 

Caso Bruno vença esse ano e renuncie em 2026, ele será o primeiro prefeito da história de Salvador a não completar o mandato. E mais: quebraria o entendimento no grupo de que Léo deve suceder o prefeito em 2028. E aí mora o problema. Um vez sentada na cadeira, caso seja confirmada na chapa para ser vice novamente, certamente Ana Paula Matos poderá pleitear a reeleição, dificultando o cumprimento do acordo já firmado com os caciques do grupo. 

Ana Paula e Bruno Reis

Possibilidades de Leo

Caso o prefeito realmente não deixe a prefeitura para entrar na briga por 2026, a estratégia pensada é ter Ana Paula na vice e Leo como deputado por mais dois anos. Isso porque ele poderá ser chamado para comandar uma secretaria de peso na Prefeitura (como Bruno fez) e se fortalecer para a sucessão de 2028. A conferir.

Leo Prates e Bruno Reis