Vixe! A força-tarefa do PT para não enfraquecer em Salvador. Quem estará na vice de Geraldo? O que levaria Lídice para a coordenação da campanha? E a repetição de erros dos Zés em Feira

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Por Osvaldo Lyra e equipe
24/04/2024 às 10h41
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Foto: Arte/Haron Ribeiro
Foto: Arte/Haron Ribeiro

A força-tarefa do PT 

Ex-vereador de Salvador e liderança forte do Movimento Negro da Bahia, o petista Moisés Rocha está se articulando para se viabilizar como candidato a vice-prefeito de Geraldo Júnior (MDB), vice-governador da Bahia. Ontem mesmo, Moisés se reuniu com os quatro vereadores da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara de Salvador, Arnando Lessa, Luiz Carlos Suíca, Marta Rodrigues e Tiago Ferreira. Moisés teria sido uma sugestão do presidente da CBPM, o vereador licenciado Henrique Carballal.

Moisés Rocha e bancada do PT na Câmara

Capacidade de unir a esquerda 

No encontro, que estava previsto para acontecer na segunda, Moisés afirmou que mais importante que o nome era discutir a cidade, aliando-se à capacidade de agregar valor à campanha emedebista. "Agradeço à bancada por ter tido esse carinho de me receber para conversar sobre a cidade e sobre as eleições deste ano, criando as movimentações necessárias para debater a capital e construir uma perspectiva de um vice que tenha um perfil mais popular, que agregue à campanha majoritária, e também aumentarmos a nossa bancada de vereadores de oposição", disse o ex-vereador.

Moisés Rocha e Geraldo Jr

Nome qualificado 

Segundo a vereadora Marta Rodrigues (PT), Moisés conhece Salvador como ninguém e foi um vereador muito qualificado. "Nós nos sentamos com ele, conversamos e pedimos que viesse até aqui para fazermos o registro de sua importância, trazendo também seu nome para compor a chapa de vice. Essa será a campanha também da esquerda em Salvador, que no caso é a campanha que Geraldo está encabeçando. Moisés conhece a cidade como ninguém", ponderou a vereadora, enfatizando que a decisão caberá à direção do partido e ao conselho político, encabeçado pelo governador Jerônimo Rodrigues. 

Vereadora Marta Rodrigues

Fabya no jogo 

Apesar da movimentação de Moisés e da sua aceitação dentro da própria base petista, o nome da secretaria Fabya Reis ainda está no jogo. Integrantes de partidos da base do governo Jerônimo estariam trabalhando nos bastidores pela confirmação do nome da secretária de Combate à Pobreza para a vice de Geraldo Júnior. Apesar de não ter base eleitoral na capital baiana, ela, por ser oriunda do MST, agrega por ser mulher, por ser um quadro qualificado e por trazer a militância mais à esquerda para a candidatura do emedebista. 

Fabya Reis

Petistas querem a vice do PT 

Nos últimos dias, ao conversar com diferentes lideranças do PT, o que se percebe é que o nome de Moisés Rocha tem crescido, apesar de Fabya ainda não ter sido descartada do jogo. E, ao que parece, a militância, os vereadores e as instâncias não abrem mão de ocupar a vaga de vice de Geraldo. O entendimento é que a presença de um petista na chapa pode estancar a revolta da ala mais à esquerda e contribuir para a manutenção dos espaços que os petistas têm hoje na Câmara Municipal. O temor é que a federação formada pelo PT, PCdoB e PV perca um parlamentar. "Com um vice petista, trabalharemos para estancar essa sangria", completou um veterano do partido. 

Moisés Rocha

Olívia descarta a vice 

Até mesmo a deputada estadual Olívia Santana voltou a ser cogitada nos últimos dias para ocupar a vice de Geraldo. No entanto, coube à própria deputada do PCdoB descartar qualquer possibilidade de assumir o desafio. "Não há nenhuma possibilidade (de ser vice) e isso é martelo batido. Eu gosto do Geraldo, desejo a ele muita sorte, mas eu já estou em outros projetos", ressaltou a deputada, ao destacar que seu partido vai contribuir com a campanha do emedebista, mas que ela está tocando outros desafios, após ter sido preterida pelo conselho político do governo. 

Olívia Santana

Quem vai para a coordenação? 
 
No meio dessa articulação para tornar a chapa de Geraldo mais palatável para a esquerda, eis que surge outro problema: quem vai coordenar sua campanha em Salvador. Como dissemos na última semana, o presidente da CBPM, Henrique Carballal, era um dos nomes cotados, mas não deve ser afastado de suas funções para assumir a missão, já que o vereador licenciado tem sido estratégico na condução do órgão mineral da Bahia.

Henrique Carballal

Nomes ventilados 

Além dele, outro nome chegou a ser cogitado para assumir a coordenação da campanha, o presidente estadual do PV, Ivanilson Gomes, mas não teve eco dentro da Federação PT, PCdoB e PV. O mesmo aconteceu com o deputado federal Bacelar, que conhece bem a cidade, mas não deverá ser alçado à condição de coordenador da chapa ligada ao governo estadual. 

Bacelar

Aposta dos Vieira Lima

Outro nome que passou a ser ventilado como possível para assumir a coordenação da campanha de Geraldo Júnior na capital foi o da deputada federal Lídice da Mata, presidente do PSB na Bahia. Os irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima estariam como os principais incentivadores do nome da socialista, sobretudo por conhecer bem a cidade, ser experiente e transitar bem em todas as áreas. 

Geddel e Lúcio Vieira Lima

O que levaria Lídice para a coordenação?

O detalhe, que parece ainda sem explicação, é o que levaria Lídice a assumir o desafio de coordenar a campanha de Geraldinho em Salvador. A ex-prefeita foi senadora da República e é uma deputada federal atuante em Brasília. Mas, a troco de que ela sairia da sua zona de conforto para se lançar nessa aventura, já que comanda o PSB na Bahia e tem o seu próprio partido para embalar em Salvador?

Lídice da Mata

Espaço na majoritária em 2026? 

Há quem diga, inclusive, que Lídice estaria aguardando uma conversa com o governador Jerônimo Rodrigues para bater o martelo, o que envolveria sua participação na chapa majoritária de 2026. Lídice poderia aceitar a missão agora, com a garantia de voltar a disputar o Senado na chapa governista na próxima eleição geral do país. Se isso vai se confirmar, aí só o tempo e as lideranças políticas do grupo para poder confirmar. 

Lídice e Jerônimo Rodrigues

As muitas preocupações do governador 

O detalhe, como já dissemos aqui na Coluna Vixe! e que causa preocupação na própria base petista, é que até o momento o governador não deu sinais claros de que está com pressa para ter essa definição sobre Salvador, sinalizando não estar tão preocupado com isso, já que tem outros 416 municípios para atuar. Além disso, tem o fato de as lideranças do seu grupo político estarem preocupados com a falta de ação do governo em colocar a máquina do Estado para atuar nas bases na capital baiana. 

Jerônimo Rodrigues

Falta apoio do governo 

Políticos com e sem mandato se queixam a todo tempo de não ter suporte do Estado para fazer política e entregar obras e ações nas comunidades em Salvador, como aconteceu com a utilização da Conder em 2022. Há quem diga, inclusive, que o governador deveria colocar um nome do seu staff, como o secretário Adolfo Loyola, para fazer essa interlocução com a futura coordenação da campanha, pois o entendimento é que é necessário ter alguém com poder e tinta na caneta pra determinar e fazer os secretários cumprirem as demandas e orientações pró-campanha majoritária e proporcional.

Adolfo Loyola

O sucesso da micareta de Feira 

A Micareta de Feira de Santana deste ano chegou ao fim com saldo positivo. Além das milhares de pessoas que passaram pelo circuito nos seis dias de muita folia, a festa teve muitos nomes importantes da música, apesar da ausência sentida de estrelas da Axé Music, como Ivete Sangalo e Claudia Leitte. A geração de emprego e renda também foi destacada pelo prefeito Colbert Martins, que dividiu os holofotes com o staff do governo estadual, que, mais um vez, investiu pesado na micareta do município. 

Colbert Martins

Cenário embolado 

E já que estamos falando de Feira de Santana, vamos aproveitar para analisar a situação dos principais candidatos a prefeito do município. Segundo a pesquisa AtlasIntel/A Tarde, Zé Ronaldo (UB) aparece com 43,1%  dos votos válidos, seguido pelo deputado Zé Neto (PT) com 39,9%  no 1º turno. Em terceiro, vem o deputado estadual Pablo Roberto (PSDB) com 11,3%. Ou seja, os Zés estão tecnicamente empatados, o que aumenta a importância do tucano para a definição do pleito. 

Pablo Roberto

Campanha não será nacionalizada 

Com a polarização de Zé Ronaldo e Zé Neto, o que se percebe é que eles terão que se reinventar. A polarização nacional não terá tanto impacto na disputa local, já que Bolsonaro e Lula não ajudarão a definir o pleito. Mais importante que a nacionalização será atrair a terceira via, já que se comenta na cidade que Pablo Roberto não terá fôlego até o final do primeiro turno da campanha, sendo imprescindível seu apoio na segunda fase do pleito. 

Presidente Lula e Zé Neto

A repetição dos erros dos Zés 

O imperativo para as mudanças está mais forte no cenário de Feira. O ex-prefeito não terá como fazer a campanha dentro da mesma estratégia que sempre fez, de atração de lideranças locais. A forma de fazer política e até mesmo de relacionamento com a população mudou. "Ele precisa entender, aos 73 anos, que algumas coisas mudaram, o mundo mudou", completou um veterano da política feirense. Isso, da mesma forma que Zé Neto não poderá tocar a campanha escorado apenas na força de Lula e dos governos do PT da Bahia, estratégia que naufragou nas últimas cinco tentativas eleitorais.

Zé Ronaldo