Presidente diz que indígenas têm 'pouca terra' no Brasil e cobra dinheiro de países que desmataram

Lula e Macron se encontraram em Belém (PA), cidade que vai receber a cúpula do clima COP-30 no próximo ano

Por Estadão Conteúdo
27/03/2024 às 08h54
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Foto: Reprodução/Instagram @lulaoficial
Foto: Reprodução/Instagram @lulaoficial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta terça-feira (26), em visita ao Pará, que há poucas terras indígenas demarcadas no Brasil, em reação à crítica de setores do agronegócio brasileiro, aos quais chamou de "conservadores e latifundiários". Ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, Lula cobrou que países mais industrializados "que já desmataram" ajudem financeiramente os demais na preservação de florestas tropicais.

Os dois presidentes se encontraram em Belém (PA), cidade que vai receber a cúpula do clima COP-30 no próximo ano. "Queremos convencer o mundo de que o mundo que já desmatou tem que contribuir de forma importante para que países que ainda tem florestas mantenham a floresta de pé. Esse é um compromisso nosso", afirmou Lula, que tem ampliado a cobrança de que os países ricos doem US$ 100 bilhões por ano para ações climáticas, previsto no Acordo de Paris, mas nunca concretizado.

Lula reiterou o compromisso assumido pelo Estado brasileiro de zerar o desmate na Amazônia até 2030 e disse que fará da "luta contra desmatamento uma profissão de fé". O francês anunciou que ambos vão investir US$ 1 bilhão cada em iniciativas para promoção da biodiversidade, desenvolvimento econômico dos indígenas e atividades que favoreçam a preservação florestal. Macron chamou o compromisso em favor da bioeconomia de "Apelo de Belém".

Segundo Macron, o projeto conjunto com o Brasil tem como objetivo aproximar os territórios dos dois lados do Oiapoque - referindo-se à Guiana Francesa, que visitou na véspera - e "lutar contra o garimpo e interesses financeiros de curto prazo que ameaçam a floresta".

O presidente francês disse que os dois países podem formar o maior parque florestal do mundo e prometeu estimular o intercâmbio de pesquisa entre antropólogos e cientistas. "Vamos investir US$ 1 bilhão cada país para biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com interesses dos povos indígenas, que permitam ter perspectiva de desenvolvimento e preservar a floresta", afirmou o francês, na Ilha do Combu, rodeado de lideranças dos povos indígenas brasileiros, após condecorar o cacique Raoni Metuktire.

Macron havia prometido no ano passado destinar 500 milhões de euros à preservação florestal no Brasil. Ele não detalhou se os recursos se sobrepõem ou são novos. O francês não anunciou a adesão da França ao Fundo Amazônia, como antecipou o Estadão/Broadcast.

 

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