Prefeitura de Salvador entra na Justiça contra paralisação de rodoviários

Capital baiana amanheceu sem 480 ônibus após novo protesto em duas garagens, terceiro em menos de uma semana

Por Raiane Veríssimo
30/04/2024 às 08h55
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Foto: Reprodução/TV Bahia
Foto: Reprodução/TV Bahia

Salvador amanheceu, nesta terça-feira (30), sem 480 ônibus após novo protesto em duas garagens que ficam em Pirajá e Campinas de Pirajá, o terceiro em menos de uma semana. Desde às 4 horas da manhã, os veículos são impedidos de deixar as garagens G1 (OT Trans) e G2 (Plataforma) que atendem 13 bairros da capital baiana e as áreas mais afetadas foram Mussurunga e Águas Claras.

Para tentar minimizar os transtornos da população, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) entrou com plano de contingência, colocando 185 "amarelinhos" do Sistema de Transporte Complementar para dar suporte. Os primeiros ônibus começaram a sair às 8 horas. O secretário municipal de Mobilidade, Fabrizzio Mullher, afirmou, nesta manhã, que a Prefeitura de Salvador entrou, na noite desta segunda-feira (29), na Justiça para impedir novas paralisações dos rodoviárias.

"Esse tipo de manifestação não pode ser aceita mais. É claro que os rodoviários estão buscando direitos, melhorias, mas isso não pode ser motivo para prejudicar a população, prejudicar as pessoas que precisam sair das suas casas, dos seus trabalhos e irem tocar a sua vida. A prefeitura está buscando todas as formas, inclusive judiciais, para que a gente possa impedir manifestações como essa que tragam prejuízo ao cidadão de Salvador", bradou Muller em entrevista à TV Bahia.

"A Procuradoria já entrou ontem à noite e saiu liminar impedindo que fossem fechados prédios públicos, estações de transbordo, estações de transporte, para que a gente minimize isso. Essa manifestação foi feita nas garagens, então, por isso, a Procuradoria continuará procurando meios para evitar futuras manifestações como essa, como eu disse, trazem muito prejuízo ao cidadão de Salvador", completou o secretário.

Segundo o Sindicato dos Rodoviários, além de protestar contra casos de assédio moral e melhores condições de trabalho, a categoria possui 44 pontos na pauta de reivindicações. Os principais são o reajuste salarial de 4% acima da inflação, o aumento de 10% no tíquete de alimentação (hoje é R$25,84), a cesta básica de R$ 500 e a gratuidade na integração ao metrô (atualmente, o vale-transporte dos rodoviários não são aceitos no sistema estadual).  

Segundo Muller, a negociação é entre os rodoviários e as empresas, mas informou que passou esta última segunda dialogando com o sindicato para evitar mais um protesto na cidade, como a que ocorreu na Lapa que parou o trânsito e bloqueou a estação das 11h às 15 horas. Na última quinta-feira (25), o sindicato atrasou em 4 horas a saída dos ônibus da garagem em Campinas de Pirajá, que voltaram a circular apenas por volta das 7h45.

"Essas negociações são privativas entre os funcionários, os sindicados com as concessionárias, os empregadores. A prefeitura não entra diretamente nessa negociação salarial, de benefícios, mas a Prefeitura busca a todo momento, como sempre, intermediar. Ontem eu passei o dia inteiro dialogando com o sindicato, buscando alternativos para que não se chegasse a mais uma manifestação, uma paralisação como essa", pontuou.

Assim com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), Fabrizzio repudiou as manifestações e também lembrou a crise no setor em todo o país. Ele lembrou ainda que a Prefeitura, inclusive, aprovou subsídios tarifários na Câmara Municipal de Salvador (CMS) para que custo não fosse repassado no valor das passagens e prejudicasse ainda mais a população.

"Eles têm uma pauta extensa de pedidos, de benefícios, de aumento salarial, e isso está sendo avaliado pelas concessionárias, mas como é sabido por todos, existe hoje uma forte crise no setor de transportes. A Prefeitura vem fazendo aí esforços grandes, pagando parte dessa tarifa, justamente para que a gente consiga manter o sistema equilibrado e funcionando e, principalmente, manter os empregos dos rodoviários e fornecer o serviço público que é essencial que é o transporte público, atender aos usuários", ressaltou o dirigente municipal.

As linhas da G1 (OT Trans) atendem nove bairros: Cajazeiras, Estação Mussurunga, Boca da Mata, Pau da Lima, Sete de Abril, Castelo Branco, Nova Brasília, Jardim Nova Esperança e Jardim das Margaridas. Já as linhas da G2 (Plataforma) atuam em quatro: Conjunto Pirajá, Estação Mussurunga, Marechal Rondon e Fazenda Grande do Retiro.

 

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